Maioria das vezes, por uma simples dorzinha no peito (não
importa de que lado), ou em casos de uma necessidade real, extrema, julgamos
que é a hora de recorrer a um serviço médico, e ai começa nosso martírio.
Tentamos uma consulta particular, cara - quase impossível
para a maioria da população - até que conseguimos enfim uma vaga, mas somente
para daqui a uma semana, 30 dias ou mais, já que a agenda está lotada. Planos
de saúde nem pensar já que praticam preços exorbitantes e ainda assim negam uma
série de assistências contratadas – somos lesados, roubados. Dadas às
circunstâncias sujeitamo-nos ao SUS e a médicos que nos disponibilizam - se
existirem. Depois de horas, dias meses até, chega o dia da consulta. Se fosse
doença mais séria já teríamos partido. Apalpa daqui, apalpa dali, às vezes sem
olhar nos olhos, apressados, quase mudos e, para diagnosticar com precisão mais
aproximada, exigem uma bateria de exames. Colesterol, triglicérides, glicose e
uma infinidade a mais de itens. Submetemo-nos e vez por outra pairam dúvidas
diante das disparidades nos resultados entre laboratórios, ou no mesmo
laboratório, estando o paciente nas mesmas condições na hora das coletas. Por
vezes somos obrigados a repetir, pagando, os mesmos exames para dirimir dúvidas
e desencargo de consciência, só nosso. Tudo pronto retornamos à consulta e,
apresentados os exames, saímos satisfeitos, revitalizados, com alma nova, pois
tudo deu normal, ou então saímos abatidos em caso contrário e ainda munidos de
estritas recomendações médicas: “Ovo não pode, é puro colesterol; esqueça
chocolate e gordura animal - manteiga, nem pensar, prefira margarina; despreze
o leite de vaca e beba leite de soja etc.” Eis que, graciosamente, e em um
programa de TV de grande audiência nacional uma nutricionista simplesmente
contraria tudo aquilo que nossos médicos recomendam e que é, por tradição,
convencionado (falamos convencionado, já que sistematicamente esses conceitos
são alterados) enquanto afirma categoricamente: “Coma ovo à vontade que é o
segundo melhor alimento e colesterol não faz mal, pelo contrário; despreze a
margarina porque ela é composta de gordura hidrogenada e, portanto, mais letal
que a manteiga e os casos de câncer se alastram vertiginosamente; coma
chocolate evitando o branco – ao leite; use banha de porco (origem animal) ou
óleo de coco à vontade, são mais salutares do qualquer óleo de soja, canola
etc. Leite de soja, nem pensar; é puro estrogênio (hormônio feminino) e às
meninas estimula a puberdade precoce e aos meninos afemina.” E nesse mar de
incongruências ficamos, nós pacientes, desassistidos, enganados, aturdidos sem
saber em quem confiar. (Sugerimos assistir ao vídeo no link: http://entretenimento.r7.com/programa-do-gugu/videos/nutricionista-conta-quais-sao-os-maiores-mitos-sobre-alimentos/idmedia/519935b40cf2f54e325dde0e-1.html
A nossa consulta já pagamos, antecipado, via imposto que nos
é confiscado sorrateira e abusivamente, ou em espécie que à vista
desembolsamos; a bateria de exames também. Remédios a custos elevadíssimos e
com uma série de contraindicações que ainda assim por terem sido prescritos
compramos; compramos em caixas já que as farmácias não cumprem a lei que
determina a venda avulsa por unidade e de acordo com a receita prescrita, e
compramos porque nos postos de saúde estão em falta – o que já é rotineiro. Não
precisa falar que em caso de internação somos descapitalizados, pois se for em
hospital particular temos que vender casa, moto e alguns cacarecos para cobrir
as despesas. Internação pelo SUS, só em casos extremos e depois de alguns
meses, anos de espera e quando enfim encontramos hospitais com vagas, mas que
sucateados já que a Saúde foi municipalizada
e os senhores prefeitos alegam não ter verbas ou se as tem não destinam
adequadamente e sem explicações. Atentemos ainda que são formados, em especial
em Universidades Públicas, federais e estaduais, todos os anos, a um custo
elevadíssimo e pela sociedade custeados via impostos, milhares de médicos, mas
esses não têm qualquer obrigação legal ou moral de, pelo menos, estagiar por
determinados períodos nos interiores do País, mesmo porque os prefeitos pagam,
quando pagam, salários não compatíveis com os do mercado e assim os
profissionais se sentem desestimulados, aviltados e optam, (80%), pelos grandes centros. E aí temos que
importar médicos que nem nosso idioma falam e, mais grave, destinados a trabalhar
exclusivamente nas periferias das cidades ou nos interiores do País.
Justamente por cá onde o povo é mais carente e merece igual e digna
assistência. Mas o Ministro da Saúde e algumas autoridades governamentais
inconsequentes não pensam dessa forma e discriminam abertamente; aos pobres só
o que restar! Somos considerados apenas em épocas de eleições e novamente
caímos nas armadilhas e engodos (bolsas, promessas mirabolantes e nunca
cumpridas etc.) desses inescrupulosos.
Diante de tantos abusos deduzam quem afinal sai descrente,
fragilizado, aviltado, arrasado, indignado pior do que quando precisou de
assistência; assistência que se lhes assegura a Constituição, mas que aqueles
que ocupam, provisoriamente (ainda bem!), o poder, julgam-se acima da lei, não
a respeitam, rasgam-na todos os dias e saem impunes. Desse contexto absurdo e
desumano não vemos uma só ação oportuna e contundente das autoridades da área
judicial que poderiam acorrer, ser o esteio de uma sociedade sempre desvalida e
abusada. Certamente estão ocupados com entraves burocráticos que se lhes toma
tempo integral e assim possibilitam, e justificam, o reconhecimento de que a
lerdeza e ineficácia imperam nessa área, o que é deplorável.
E assim anda o nosso complexo e falido sistema de Saúde
aqui, nas cidades vizinhas e em todo o Brasil - país tido como a sexta potência
econômica mundial, porém, de há muito mal administrado, eterna vítima do
desleixo crônico dos políticos que só visam “próximas eleições” para se
perpetuar no poder que, embora efêmero, tentam perpetua-lo a qualquer custo. A
sociedade por sua vez de tanto padecer dessa incúria se acomodou, acovardou-se
e calou sem esboçar a mínima reação. Então... salve-se quem puder!
Até quando?
Até quando? Até quando?
José HILDEBERTO Jamacaru de AQUINO
(Vejam também nos
endereços: www.tvrussas.com.br; tvjaguar.com.br,
jornal Folha do Vale - Limoeiro do Norte (CE).)
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