Ontem, 1º. de maio, Dia do Trabalho, foi, como de tradição,
a data mais comemorada na maioria dos países do mundo. Pacificamente ou com
manifestações violentas (mas justas) dos trabalhadores na incansável luta pelos
seus direitos. Aqui no Brasil não poderia ser diferente, mas que sem
reinvindicações ou protestos mais radicais. Aqui vai “tudo bem”! A nossa CLT remendada
faz setenta anos, o aviltado comerciário tem a sua profissão reconhecida, temos
uma remuneração justa onde os salários sequer cobrem a inflação e muito menos termos
exploração do trabalhador...
Nessa expectativa aproveitamos o feriado e fomos dar um
volta na esperança de que pelo menos alguma farmácia estivesse de plantão. Qual
foi a nossa “surpresa” quando vimos que a maior parte do comércio, notoriamente
os pequenos e médios varejistas, estava de portas escancaradas como se não
fosse feriado. Adentrando alguns desses estabelecimentos comerciários tomaram a
inciativa de expressar as suas incontidas indignações. Ouvimos: “Isto é um
abuso! Estamos trabalhando em um feriado nacional e, pior, sem remuneração ou
compensação extra.” Essa foi a tônica. Adiantaram-nos ainda que a exploração é
de tal vulto que para aqueles que recebem comissões, por ocasião de maior
movimentação no comércio (Dia da Criança, Dia das Mães, por exemplo), o
percentual dessas comissões é reduzido na lógica perversa de “maior venda,
menor percentual, e menor a comissão”. Isto é uma clara demonstração de ganância
descomedida, uma exploração escravista da parte de alguns empresários
inconscientes que trabalhar em feriados e dias não úteis sem compensação é o de
menos. Diante das manifestações indagamos: o que é feito das nossas autoridades
trabalhistas, judiciais, municipais, classistas que permitem essa exploração?
Cobrar de quem? Da Justiça, do Executivo, do Legislativo (esses não. Eles já
estão ocupados com as desavenças pessoais
internas)? Seria culpa dos comerciários que não se organizam para se filiar a
um sindicato que pugne pelos seus direitos ou até a isso estão impedidos? São
DIREITOS trabalhistas consagrados e não favores! Desobedecê-los implica em
vultosa penalização para os infratores e disso estão cientes e conscientes.
Enquanto tivermos uma CLT arcaica, remendada, perrengue e
que é apenas uma consolidação (emaranhado de leis sem nexo e que se amontoam e só
confundem) e não uma codificação (o ordenamento legal que tem uma sequência
lógica a ser obedecida) de leis trabalhistas constataremos esses abusos. Mas
não é só isso. É preciso que os próprios trabalhadores se valorizem e reajam,
unam-se, tomem a iniciativa e lutem pelos seus direitos. Manter-se nessa eterna
submissão tira-lhes a possibilidade de exercer uma profissão que lhes reconheça
e recompense, com dignidade, o esforço dispendido. Há o que comemorar?
José HILDEBERTO Jamacaru de AQUINO
hildebertoaquino@yahoo.com.br
(Vejam também nos endereços:
www.tvrussas.com.br e
www.tvjaguar.com.br, no jornal a Folha do Vale.)
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