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segunda-feira, 7 de maio de 2012

POUPANÇA - CALOTE DISFARÇADO?





Alguém se recorda ou já ouviu falar do calote da Poupança promovido pelo então Presidente Fernando Collor e anunciado friamente pela ministra Zélia Cardoso? Sabem dos dramas e prejuízos que decorreram onde alguns perderam muito, outros faliram e muitos cometeram suicídio? Guardadas as proporções, mas uma vez algo de temeroso acontece em nosso País com a instituição Poupança: O Governo Federal muda adredemente a regra do jogo e em prejuízo apenas de uma das partes – O Poupador que tenta guardar as míseras sobras do seu custoso dinheiro! 

A Excelentíssima Presidente Dilma Rousseff, ardilosa e estrategicamente, prevalecendo-se da popularidade herdada e no uso do marketing pessoal, aproveitando-se oportunisticamente até de datas especiais como o Dia do Trabalho, anuncia, enfaticamente, aos quatro cantos do País que irá “baixar as taxas de juros dos bancos”. Bradamos: Aleluia! Até que enfim! Salve! Viva Dilma! Seria realmente uma ótima medida. Seria! Passo imediato, o anúncio de alteração na taxa de Remuneração da Poupança. Quando inicialmente se falou em redução de juros, atentem para a consequência imediata que ocorreu e foi noticiada pela mídia dando conta da retração de negócios, em especial de veículos. O que de abusivo há nos juros é justamente o que garante a inadimplência dos operadores e disso os bancos e financeiras assim argumentam e se valem. Houve retração porque as vendedoras e financeiras passaram a criar obstáculos para se “garantirem” de eventuais riscos. Agora é bem mais difícil negociar. 

Sabemos, simplistamente, que a SELIC é considerada a taxa básica de juro, manipulável pelo Governo Federal, através da qual o Banco Central do Brasil – BACEN, que procura influenciar as outras taxas de juros praticadas no mercado para controle da inflação. E é através do COMPOM (Comitê de Política Monetária do BACEN) que se define a taxa atendendo à política do Governo Federal ao qual é submisso. 

Temos agora algumas situações: Quem já tinha poupança e para os saldos anteriores a 04 de maio, a remuneração permanece nas mesmas condições, mesmo que a taxa SELIC alcance 8,5% ao mês ou fique abaixo. Já para as novas poupanças ou novos depósitos (atentem!), quando a taxa SELIC (manobrável de acordo com a conveniência do Governo, enfatizamos) alcançar 8,5% am., a remuneração será de apenas 70% da SELIC, mais a TR. Traduzindo: Um instituição que emprestava a um juro de 9% am., e pagava ao poupador 0,5% am., acrescido da variação da TR - o que dá 6,17% ao ano -, a partir do dia 04/05/12, com a nova fórmula, as novas poupanças ou os novos depósitos, mesmo nas contas antigas (cuidado!) a cada vez que a taxa SELIC chegar a 8,5%, a remuneração cairá para 70% apenas (SETENTA POR CENTO) da SELIC, mais a variação da TR. Atentemos para que se, espertamente (o que lhes é peculiar), as instituições financeiras que hipoteticamente emprestem a 8,51% am., resolvessem estabelecer os juros em apenas 8,5%, iguais ao da SELIC, por causa de apenas 0,01% que reduzissem nas suas taxas cobradas dos clientes, bancos deixariam de pagar 30% de remuneração convencional na Poupança. Perderiam apenas 0,01% e ganhariam 30% em cima do miserável do poupador. Não haveria PROPORCIONALIDADE e o poupador continuaria ludibriado! Isto é um confisco disfarçado! Note-se que as “justificativas” (desculpas) são as mais incoerentes e politiqueiras. 

Agora vale a pena aplicar em Poupança que já não pagava nada posto que a inflação anulava os reajustes? Por exemplo: em 2011 a remuneração ficou pouco a mais de 6% ao ano, enquanto a inflação (maquiada pelo Governo e não a real que foi maior) foi de 6,5% aa. Dedução: Perdemos! Continuamos enganados! 

Hoje, o saldo global da poupança no Brasil está em torno de R$. 430 bilhões, com 98 milhões de clientes sendo que 98% desses têm saldo até R$. 50 mil - que é o limite de garantia (garantia?) governamental. E se o poupador acordar e resolver fazer outras aplicações que lhe renda pouco mais, ou opte por investir em imóveis, comércio etc., corre-se o risco de não ter aporte de recursos nos bancos para financiamentos, inclusive para a casa própria. Perdemos e nos iludimos de qualquer forma. 

Podemos ainda manter a confiança na Poupança e no Governo que muda as regras sob as mais esdrúxulas e insustentáveis argumentações? 

Não somos economista e aceitamos qualquer contestação dos experts no assunto, mas não nos convencemos ainda dessas bondades governamentais e estamos mais certos de que os que sempre ganharam continuarão a ganhar ainda mais. 

José HILDEBERTO Jamacaru de AQUINO 



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