Tudo bem! Vocês se acham “melhores” do que eu por terem peles
mais claras ou mais escuras, de qualquer cor, mas que diferentes da minha. Presunção,
tolice, asneira! Vamos lá!
Da maneira como todos foram concebidos eu fui e vocês também.
O mesmo processo de gestação ocorreu - os mesmos nove meses de incômodos para minha
mãe se deu com as suas, as mesmas dores na hora do parto, só divergindo se era
natural ou cesariana, minha mãe sentiu quanto as suas. A mesma necessidade de
apanhar na bunda para ter o primeiro choro e assim desobstruir nossas vias
respiratórias – mulheres e homens (inclusive os “machões”...) – comigo e vocês também
ocorreu. A mesma necessidade de se amamentar de todos, comigo e vocês não foi
diferente. As mesmas sujeiras (urina e fezes fétidas) espalhadas nos colos dos
nossos pais, nas fraudas, no chão, nas redes, nos berços e camas, tanto eu
quanto vocês que se acham diferentes, “especiais”, depositamos. Os mesmos
esforços, as mesmas quedas para engatinhar, para andar, os mesmos choros tudo
parece cópia um do outro, vivenciamos do mesmo modo. Os primeiros sorrisos, as
primeiras traquinagens, as primeiras zelosas repreensões dos nossos pais, os
primeiros puxões de orelhas ou castigos onde permanecíamos impositivamente sentados
imóveis ou ajoelhados, aquelas palmadinhas no traseiro (todas merecidas e que a
asnice do nosso legislador entendeu como abusivas e as proibiu... violência é
outra coisa!). A primeira reza, aula, a primeira professora (segunda mãe) por
quem nutríamos, ou devíamos ter nutrido, admiração e carinho e os primeiros
coleguinhas, tudo vivenciamos da mesma forma. E o primeiro brinquedo – bola ou
boneca, as primeiras disputas esportivas, artísticas e culturais da nossa
escola e intercolegiais... As primeiras briguinhas inconsequentes entre os da
nossa turma – tapa vai, tapa vem, beliscões, puxões de orelha e cabelos...; os
primeiros relacionamentos amorosos, as primeiras frustrações e alegrias, as
primeiras dores e saudades, tudo era por vezes tão semelhantes que pareciam copiadas
e/ou compartilhadas de um para o outro, quem fôssemos e onde estivéssemos. As
primeiras mudanças físicas, formas esculturais mais sensualmente delineadas e
avantajadas, mudanças na tonalidade de voz (homens em especial), até descobrimento
de pelos onde não esperávamos..., espinhas e os primeiros conflitos emocionais
próprios da adolescência; as primeiras descobertas sexuais (até então tabus
inconcebíveis e que só comentados entre os da mesma faixa etária e nível de
amizade enquanto pais ficavam por fora até descobrirem/flagrarem, por vezes). Até
agora somos iguais, quase cópia do outro. A mesma luta para conseguir o
primeiro emprego e os primeiros enfrentamentos de dificuldades inerentes a
todos, sem exceção, independente da cor da nossa pele e do que se possa
imaginar, mesmo que alguns mais privilegiados economicamente, tudo era e como
ainda é, universal e peculiarmente difícil para todos. Enfim, a adultos chegamos,
constituímos família, tivemos problemas na educação/convívio com os filhos e
começamos o declínio físico natural e inerente a todos os seres vivos. Alegrias
e decepções, sucessos e fracassos, estresse que comum a todos. E é quando o
corpo começa a dar sinais de cansaço - sem privilégios raciais por não distingui-los
- e até nisto somos exatamente iguais. A única certeza que temos, e nisto somos
rigorosamente iguais, é que teremos um FIM ou, mais suavemente, destinos não
diferenciados.
Então, por que você e alguns outros mais imbecis racistas se
acham “melhores” que eu branco ou negro, ou amarelo, ou pardo? A pele tem a
mesma constituição celular em todos os seres humanos, o que varia é apenas a
pigmentação assim como é a vida, alegre, triste, difícil ou não, mas sem predileção
por cores e, por isso, harmoniosamente bela.
Imite-a!
José
HILDEBERTO Jamacaru de AQUINO
Vejam também nos endereços: www.tvrussas.com.br, no
jornal Folha do Vale (Limoeiro do Norte)
e Jornal Gazeta de Notícias (Cariri).
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