Dramático, oportuno e corajoso foi o desabafo de uma médica – Doutora Ângela - de um hospital público do Rio de Janeiro, ganhando apenas R$. 4.500,00 que, estressada pela sobrecarga de serviços e compadecida com o sofrimento de seus pacientes com os quais convive diariamente no seu trabalho – setor de emergência - não suportou mais tanto descaso para com a nossa Saúde e explodiu indignada: “A Saúde está zerada e eles não fazem nada!” Um grito que repercutiu Brasil afora que igualmente padece dos desmandos dos nossos governantes.
O descaso na área da Saúde, como em tantas outras, já extrapola os limites de tolerância neste governo onde a dignidade humana é posta em última escala de prioridades. Enquanto o País bate recordes sucessivos em arrecadação de impostos - só neste ano ultrapassamos 650 bilhões de impostos arrecadados - com a mais alta carga tributária do mundo – cada vez mais se negligencia a sua população. Sobra dinheiro para estádios e outras obras menos relevantes, algumas inúteis até, ao tempo em que o povo morre à míngua e miseravelmente doente em corredores de hospitais públicos Brasil afora. E entre discursos repletos de falácias, promessas politiqueiras, engôdos, a popularidade desses insensíveis cresce vertiginosa e ilusoriamente. Deduzimos como algo artificial por crer embasada em estatísticas que não espelham a realidade e que divulgadas apenas a interesse promocional dos que as encomendam e dos que as vendem. É artifício marqueteiro, direcionado, que insistem em disseminar junto à população para aliená-la cada vez mais e que, por ingênua, acredita. De quais méritos pode realmente se orgulhar esse governo?
A Saúde é um dos caos que vivenciamos e é mostrado pela imprensa diariamente enquanto o Governo apenas assiste inerte, insensível, como se constitucionalmente não fosse um de seus deveres zelar. O atual Ministro da Educação – Aluísio Mercadante - atordoado anuncia “milhares” de vagas em faculdade de medicina, inclusive federais, para que com os futuros formandos tentar suprir a carência nos hospitais e postos de saúde. Até lá restará alguém? Ademais, esquece que a grande maioria – 51 das Universidades Federais - está em greve justamente por falta de condições de trabalho e da aviltante remuneração, além das precárias condições estruturais – inauguram-nas com tanta ostentação e a seguir abandonam. O então Ministro da Educação Haddad chegou a inaugurar em Guarulhos uma unidade da Universidade Federal de São Paulo, mas esqueceu de instalar as salas de aula, passando essa a funcionar em escola pública municipal. Ainda sobre Saúde, quando medidas emergenciais efetivas e continuadas estarão sendo efetivadas? Nada é feito e é como se tudo transcorresse com normalidade. Nada é feito. Estão a esperar mais o quê? Não satisfeito queriam reduzir em 50% os salários dos médicos através da MP 568/12 que provocou a justa indignação desses profissionais. Enfim corrigiram de última hora. É assim que o Governo lida com a Saúde.
A Segurança é outro desastre na medida em que a população vive sobressaltada e acuada sem proteção. O tráfico de armas e drogas se expande incontida e devastadoramente e ações mais contundentes no sentido de coibir não são verificadas que não modestamente. O que é feito do tão alardeado Plano Nacional de Segurança? Mais um que lançado com tanto estardalhaço apenas ficou no papel e serviu de promoção pessoal dos nossos governantes que não o levaram a termo.
As rodovias federais, por precário estado de conservação, geram vítimas que engrossam as estatísticas macabras e que para socorrê-las oneram-se cada vez mais Municípios, Estados e Previdência com aposentadorias precoces. Isto sem considerar o abandono injustificado das nossas ferrovias que são econômica e ecologicamente mais viáveis que as rodovias. Por quê?
A Educação anda a passos lesmentos já que o País ainda está classificado entre os piores do mundo. É deveras preocupante a situação do analfabetismo no País conforme dados do IBGE de 2010. Já um professor com formação superior ganha 60% menos do que qualquer outro profissional de formação equivalente que atue em outra área. É característico deste Governo confundir quantidade - de supostas faculdades e universidades criadas e que não se instalam - com qualidade de ensino. Os alunos continuam a apenas transitar pelos bancos escolares e a sair sem saber ler, escrever ou entender o que precariamente conseguem fazer. Isto tem uma conotação de ser intencional, posto que com maior número de ignorantes é mais fácil iludi-los, manobrá-los. Antigo estratagema político. Enquanto isso as escolas técnicas de todo o País entrarão também em greve. Esse é o quadro escabroso da nossa Educação.
Já o Transporte Público é outra calamidade. Basta ver o que ocorre nos grandes centros com metrôs e trens superlotados enquanto não se adotam posturas efetivas a fim de minimizar o sofrimento dos seus usuários diários - a classe trabalhadora, os eternos preteridos. Rodovias e ferrovias permanecem abandonadas.Com o evento da Copa, comunidades estão sendo desalojadas a fim de o Governo efetuar reformas estruturais para atender a demanda na mobilidade das sedes, mas que desumanamente preterem populações inteiras e justamente as das classes mais desfavorecidas. É justo? É assim que se acaba com a miséria? O quê enfim vai bem? De quê se vangloriariam então?
Nesse interim, os marqueteiros e os partidários – alguns fanáticos - em ladainha decorada, repetitiva e insistente, presunçosamente afirmam: “Tiramos 25 milhões da miséria...” Utópica e falsa afirmação, posto que não é a realidade e quanto mais em quantidade tão representativa. Apenas adotaram esse número por mera convenção e para efeito promocional através de marketing pessoal de alguns. E isto é fácil e fartamente comprovável basta que averiguemos com isenção no nosso entorno e em todas as regiões do Brasil. A miséria grassa País afora. Houve sim uma pequena e relativa melhoria da renda individual, mas que não mudou a estrutura e focos geradores de miséria nos quais se encontra grande parte da população que ainda reside em barracos, palafitas e abaixo de pontes e viadutos, padecendo de todas as aflições que se lhes são impostas. Muitos dos pobres, agora enganados, acreditam-se inseridos na propalada classe “C” e, inadvertidamente e sem comedimentos, por falta de orientação competente, endividam-se como nunca. No Ceará, 88% dos municípios – 161 dos 184 são considerados de extrema pobreza e por isso o Governo que serão “prioridades” em mais um programa do Ministério da Saúde. Mais um paliativo ou mais um engodo eleitoreiro em vistas as próximas eleições municipais!
A nossa Economia engatinha, declina, enquanto insistimos em medidas paliativas apenas para encobrir a real situação de alerta em que se encontra e que o Governo opta por camuflar, negar. O PIB cada vez mais decadente, quase a zero e a indústria estagnada. Enquanto isso ministros alardeiam utopicamente crescimento de 5% ao ano, quando ele mal chegará aos 2,5% neste ano, e ainda assim em nossa benevolente visão. Alguns alardearam o sucesso do etanol e do biodiesel e que chegaríamos a exportar para os Estados Unidos. E o Lula chegou a ridicularizar o etanol feito do milho por aquele país. Resultado: hoje compramos etanol dos EUA enquanto, irresponsável e incompetentemente o Governo abandonou o nosso produto e enganou o consumidor.
Propaga-se, enganosamente, a tal queda de juros enquanto o consumidor é induzido a acreditar. Os juros na realidade se alteraram minimamente e as instituições financeiras, inclusive as ditas oficiais, aplaudem enquanto se locupletam e acumulam lucros exorbitantes - “Nunca antes imaginados na história deste País...”. Houve pequena queda nas taxas, mas somente para os a prazos curtos – até 24 meses. Já para os empréstimos com prazos mais elásticos demonstram que os juros hoje até se situam em patamares mais elevados que anteriormente. Os pátios das montadoras de carros estão mais uma vez superlotados. Divulga-se com exagerada propaganda a redução do IPI na tentativa de aumentar as vendas, mas que no fundo já é o temor de demissão em massa. O salário mínimo para atender as necessidades básicas deveria ser de R$. 2.383,28, segundo o DIESE e o governo só o estipulou em R$. 622,00 – apenas 26% da necessidade real e sob as mais levianas argumentações. Os aposentados têm recebido reposições (não aumento) aquém da própria inflação, com uma defasagem salarial em torno de 70%, o que é uma desumanidade! Uma vergonha Presidente Dilma Rousseff para um governo que se diz “do trabalhador”.
Enquanto o cerco da crise se fecha o Governo não se alui para investir em setores de maior necessidade, gerando emprego e renda em lugar de adotar as tais bolsas assistencialistas ou outras saídas inócuas, meros paliativos. Atentemos que se não fora o agronegócio já estaríamos em pior situação econômica e mergulhados na crise.
Esta é a hora de se investir obras estruturais populares - estradas, pontes, creches, saneamento, poços artesianos, habitações e não nas populistas – estádios e outras. Valer-se da conveniente parceria público-privada e fomentar a nossa indústria que está estancada.
Alardeiam o tal de “desenvolvimento sustentável” - o que já virou mais um artifício linguístico para tentar empolgar os inadvertidos - mas esquecem de que só com justos salários se promove o crescimento do comércio, da indústria e, consequentemente do País. Com dinheiro no bolso o povo compra, sente-se retribuído e se gera empregos. Não há outro caminho!
Politicamente observamos escândalos sistematizados, um após outro ou mesmo antes que apurado o que está em evidência. Punição real, nenhuma! E o pior é que não sabem (???). A tão necessária reforma política tornou-se secundária enquanto convém manter esse estado de conveniências e jogo de interesses com eterna e nociva troca de favores e manobras espúrias. Nenhuma reforma de vulto - tributária, agrária, política e outras imprescindíveis – foram ou serão implementadas, preferindo-se posterga-las indefinidamente.
E assim permanecemos na ingênua ilusão de que tudo vai às mil maravilhas e não nos acautelamos como seria prudente.
A cada manifestação adredemente estudada de um político estrangeiro quando estrategicamente se reportam aos nossos governantes e os definem como “O Cara” ou quando afirmam que “A presidente está estabelecendo um padrão mundial na luta contra a corrupção” (sic!), acreditamos e nos envaidecemos sem nos darmos conta da real intenção dessas bajulações. Contrariando, e de forma mais realista, outros ousam atestar, corajosamente: “Lula e Dilma passarão para a História como predadores da Amazônia” – Dom Erwin Kräutler (Revista Época). A área desmatada na Amazônia cresceu 51% nos últimos 20 anos (Fonte: IBGE). E ninguém toma conhecimento?
Não vamos bem e afirmar em contrário é um contrassenso, uma demonstração de alienação, de cumplicidade de causar perplexidade, uma bajulice de provocar asco! Falta muito, falta o essencial e vivemos sim!, outra realidade e não a propagada pelo nosso Governo que tem se demonstrado relapso e falacioso nestes últimos anos. Mais grave é que tudo sob a excessiva tolerância e aquiescência de um Congresso combalido que serve apenas para referendar, em servilismo destacado, as determinações emanadas de um Executivo quase ditatorial ao qual se rende sem forças para cumprir o papel que se lhe confere a Constituição como poder independente, mas que não exerce essa prerrogativa posto que interesses menores - politiqueiros e pessoais - prevalecem!
José HILDEBERTO Jamacaru de AQUINO
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