Como
bom e saudoso filho, ao lar retornamos sempre. Rever parentes e amigos é a
razão maior e o fazemos com aferro e, preferencialmente, em data especial:
julho, período da festa da Exposição Agropecuária e quando para o Crato
convergem multidões de todos os estados. É, na sua especificidade, a mais relevante
festa do Nordeste!
A Expocrato,
histórica e culturalmente atraente, nestes últimos anos foi descurada e
mercantilizada enquanto desvirtuada dos seus propósitos mais específicos e
relevantes que seriam o destaque da agropecuária regional e o ressaltar da
nossa cultura e dos nossos valores artísticos, como também de regiões vizinhas.
Hoje, a Expocrato mostra de tudo, mais parecendo uma feira predominantemente
voltada ao comércio e indústria e não de costumes regionais e agropecuária, por
primazia e tradição. Além do comércio de
produtos díspares – de acarajé, quinquilharias chinesas a colchões - observamos
ainda mais a descabida monopolização de uma determinada marca – cerveja - sobre
as diversas concorrentes, o que até conflita com o espírito cratense e do
consumidor de ter livre arbítrio para escolher de acordo com a nossa
preferência. Beber só o que nos impõem patrocinadores é ultrajante.
À
agropecuária propriamente dita se têm reservado alguns poucos pavilhões. Neste
ano a ausência notada, injustificável e imperdoável quais desculpas que
apresentem, foi a do estande do Banco do Brasil S.A. - sempre e ainda o maior
fomentador da agropecuária do País. O propósito maior da feira é o comércio de
espécies animais de primeiríssima linhagem, máquinas e equipamentos destinados
ao campo e que estimulem os produtores a se deslocarem dos seus estados não só
para orgulhosamente exporem os seus produtos como também para realizar
negócios. Desta vez faltou-lhes a assistência creditícia in loco do BB. Por
quê?
Ainda
no parque observamos o desprestígio para com o nosso maior evento da parte da administração
– prefeito ou comissão organizadora, quem seja – quando sequer pavimentaram o
espaço reservado ao parque de diversões e até também não o regaram para
amenizar a poeira. Foi um clamor geral e um gritante desrespeito às crianças,
maiores frequentadores. Isto sem considerar a precária iluminação naquele local
e a presença nada estética de um riacho fétido a escorrer afrontosamente.
Quanto desmazelo! Como já observado em outros períodos, priorizam-se artistas
de fora – alguns já decadentes ou de baixa categoria – em detrimento dos
valores locais e regionais que abundam, são nacionalmente reconhecidos, sabemos
e estamos conscientes disso! Por quê? Seria mais uma nefasta imposição dos
patrocinadores? Não se justifica! Ademais, e isso é gravíssimo, atentemos que
por razões que cremos politiqueiras já se cogita transferir as instalações da
exposição para outro espaço e até para município vizinho. Não descuidemos, pois
perderíamos o nosso maior evento sociocultural. Observemos que temos espaço
suficiente para ampliar as suas instalações e é uma área do Estado, sem ônus
para o município.
Outros
aspectos negativos da festa foram observados por todos com os quais nos
deparamos e é conveniente que destaquemos. Por exemplo: o Crato tem uma frota
aproximada de 33 mil veículos. Por ocasião da Expocrato alcança em torno de 80
mil veículos que transitam pelas ruas charmosas, mas estreitas, sem melhor
estrutura para acomodação desses veículos. Eis que alguém, em ato impensado, acha
por bem manter a Zona Azul justamente nesse período e ainda mais resolve
interditar alguns outros trechos proibindo estacionamentos, quando a lógica
seria liberar tudo para acolher, e bem!, maior número possível de visitantes
que muito nos honram. E sobre a famigerada Zona Azul não se encontram
justificativas para a sua adoção posto que o comércio já não é o forte do Crato
e fica ainda mais prejudicado por falta de estacionamentos gratuitos e até
estimulados que deveriam, em benefício de todos: consumidores e do próprio
comércio que arcam com os prejuízos. Por apenas R$. 2,00 alcançamos Juazeiro
onde o comércio é bem mais estruturado. Atenção CDL e zelosa Câmara Municipal,
sempre é tempo de rever erros – aberrações estratégicas!
O
Crato em si e em alguns aspectos vem melhorado, mas por outros é negligenciado
justamente em pontos estratégicos. Ruas e praças que modificadas, arborizadas -
ainda que de última hora; tanto tempo não é Excelentíssimo Prefeito? –
embelezam-no cada vez mais. Por outro lado, além do já comentado, temos, por pirraça politiqueira, constatado abandonos
sérios e comprometedores. Prefeito atrita – politicagem - com o governador e o
povo é quem padece. Vejamos o caso do Rio Grangeiro há mais de dois anos
arrasado e que ainda se mantém, injustificadamente, sem o competente e
indispensável reparo das suas margens, a expor a risco toda população e
comércios adjacentes. Esperam que ocorra o pior já no próximo período chuvoso? E,
apenas como exemplo, já que não percorremos todas as localidades, o distrito de
Santa Fé - o mais antigo e tradicional e dos mais produtivos do município, denota
estar em absoluto abandono administrativo quando é precaríssimo o seu acesso de
tantas fendas e obstáculos na via já sem asfalto e calçamento. Nesses últimos
oito anos de administração nenhuma providência foi efetivada a fim de minimizar
as dificuldades dos que por ali transitam e habitam. Quantas outras localidades
estão neste mesmo precário estado de conservação e por quê?
Mas,
a despeito de tudo e dos políticos, o Luiz Lua Gonzaga de onde bem acomodado esteja
e em especial no gozo da sua cabida homenagem – 100 anos - que ratifique suas costumeiras
e ótimas referências ao Crato. Velho Gonzagão, o nosso Cratinho, apesar dos desleixos
dos seus administradores, continua lindo e a ele regressaremos sempre!!!
José HILDEBERTO
Jamacaru de AQUINO
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