SE UM DIA A MINHA TERRA EU VOLTAR...
Menino..., deixei meu lugar intimado a ser “homem
crescido”, como me tornei...
Mal sabia, sequer imaginava o quanto te queria, o
quanto me fizestes falta, o quanto me fazias bem.
A distância ao invés de trazer esquecimentos, mais
aumentava minhas lembranças, a minha afeição, as minhas profundas saudades,
infinitas saudades...
Tudo que era quase nada passou a ser muito,
significante, a me fazer ver e reconhecer o valor que tinha, já que de mim era
parte inseparável e, o pior, eu não sabia, não me dava conta...
As areias do meu antigo denominado Bosque, as sombras
das árvores do meu modernizado Parque e os desafios do saltar entre seus galhos
e o colher das suas oiticicas, jambos maduros e outrora também pitombas...
Dos rachas com os amigos do Parque, das cinco da manhã
até onde as bolhas nos pés permitissem, quanto craques..., quanta felicidade!!!
Das caminhadas às fontes e tanques da Nascente da
minha querida Chapada do Araripe e das roubadas de fruta, do roer das macaúbas,
goiabas, mangas, catolés, pitombas, cajás, cajaranas, ingás, seriguelas, frutos
dos sítios do Lameiro e da Região.
Dos pulos na Cascata, dos banhos no Fundão, no Rio das
Piabas, nos barreiros, das pescarias de jundiás e piabas no Rio Constantino.
Subidas e caminhadas a serra, Belmonte, Guaribas, Casa
Grande..., belas vistas que vi e jamais esqueci e esquecerei...
Das caçadas a borboletas, a calangos, muitas vítimas,
terríveis torturas no Poço dos Escravos...
Das brincadeiras de cavernas, cipós, baladeira,
badoque, papagaio, piões e carrapetas, bilas, triângulo, petecas, mamanjuba, kemene,
passagem de anel, birros, esconde-esconde, estátua, tudo era festa, e de
crianças, de gente que era séria e que não se perdeu um, todos aprumados na
vida!
Dos verdes canaviais de cana caiana, das garapas, dos
alfenins, do mel, das rapaduras dos engenhos da Bebida Nova..., doçuras da
minha terra.
Das festas da padroeira, dos leilões – “dou-lhe uma,
duas, três, tô entregando..., já entreguei!” - dos bigus nos carrosséis, das
rodas gigantes, das cadeirinhas, dos aviões, dos roletes de cana, dos charutos,
dos filhoses, do bolo de puba, da tapioca com coco, das declarações de amor nas
mensagens das radiadoras, Beatles..., aquelas músicas inesquecíveis!!!
Das festas juninas, quadrilhas à francesa (balancê,
anarriê) dos aluás, quentões, facas nas bananeiras, pulos de fogueira,
chuvinhas, traques-de-salão, pichites, corrós, estrala-bebê, bufa-de-veia,
rasga-latas, bombas-de-parede, batata assada...
alegrias da gurizada.
E as sessões entupidas da 1 hora da tarde no Moderno,
no Cassino com as séries de Tarzam, Batman e Robin, Nioka, onde torcíamos as
camisas encharcadas de suores torcendo pelos nossos heróis..., tudo valia!!!
Quantas voltas nas praças, nossas praças Siqueira
Campos, da Sé, da Estação, voltas e mais voltas..., nossos primeiros flertes,
nosso primeiro pegar na mão ainda longe do primeiro cheiro, do primeiro abraço
e muito mais do primeiro beijo..., tudo pureza beleza!!!
E, por fim a Exposição, a festa das festas, onde o
melhor sempre foi rever os amigos, matar a saudade, reviver momentos e
reverenciar o melhor dos passados, o dos “Garotos do Parque”..., o nosso
passado.
Quantas felizes lembranças que tenho já que tudo ainda
incrivelmente vive, é minha, são nossas vidas, só enquanto tudo permaneça como
recordações..., até que eu volte, e voltarei!!!
J. HILDEBERTO J. de AQUINO
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